Armistício de Compiègne

Quem viaja pela europa e estuda um pouco da história local, sempre se depara com memoriais comemorativos a grandes batalhas. Hoje, 11 de novembro, é celebrado o dia do Armistício de Compiègne. A data marca o acordo de cessar-fogo num dos conflitos mais sangrentos da história da humanidade, a Primeira Guerra Mundial que ocorreu entre 1914 e 1918.

A Segunda Guerra é sem dúvida muito mais lembrada e comentada, mas teve início mesmo ainda na I Guerra, onde mais de 20 milhões de pessoas perderam suas vidas. O conflito também deixou dezenas de milhares de feridos e inválidos e um rastro de destruição incalculável. Foi nesta guerra que artilharia pesada, tanques, aviões, armas químicas foram usadas pela primeira vez em combate e sem muita noção do poder que tais armas tinham. A batalha de Verdun, na França, exemplifica o inferno que foi a guerra. O local ainda é um grande cemitério com muitos corpos de soldados jamais identificados.

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Meu avô lutou nesta guerra quando tinha apenas 14 anos de idade. Ele não gostava de relembrar o pouco tempo que foi obrigado a ingressar o exercito e lutar contra o 'inimigo'. O irmão mais velho já havia morrido em combate. Nos primeiros dias que participou da guerra ele foi gravemente ferido, vindo a perder um dedo da mão.

Desiludido, gravemente ferido e sem esperanças de uma vida melhor, meu avô partiu para a América em busca do El Dorado. Chegou no porto de Santos em 1921 e de lá nunca mais voltou para a europa. Lembro-me de quando criança ele mostrava com lágrimas nos olhos, a única recordação pre-guerra que ele tinha, a foto da confortável casa onde morava e que foi totalmente destruída na guerra.

Meu avô sempre dizia que ele saiu em tempo da europa. Da familia dele todos morreram na primeira e também na segunda guerra. Com a ajuda da internet encontramos a menção de uma pessoa com o mesmo sobrenome. Seu nome constava na lista de judeus presos e que aguardavam transferência. O destino final, até agora não descobrimos.

As vezes reclamamos da violência que assola o Brasil, mas nada, nada mesmo ultrapassa os horrores que as duas últimas grandes guerras provocaram aqui na europa e em tão pouco tempo. Aqui as pessoas guardam em silêncio o ódio e o rancor. Quando há a possibilidade de extravasar o que sentem, os danos são catastróficos.