Jaboticaba Preta

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Uma mulher com coração de menina, tímida, extrovertida, corajosa, medrosa, criativa, sem noção, paciente, afobada, carinhosa, estúpida,entre outros adjetivos que surgem conforme o dia e a situação. Mas sou sempre filha, irmã, esposa e agora mãe!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

E ontem foi novamente dia de vacinas...

Ontem foi dia de consulta no Consultatie Bureau. Jaboticabinha tomou a primeira dose do  BMR (Bof, Mazelen, Rode hond) e a Menc (Meningokokken C). Meu bebezinho esta é um baita homenzinho com 14  meses, 79 cm e pesando 10 kilos. Estou muito feliz que desta vez ele chorou bem pouco na hora de tomar a vacina e a reação, pelo menos até agora, é minima. Apareceram umas 4 bolinhas no rosto e o humor esta excelente.

Hoje estou em casa corujando a cria. Como está fazendo sol, mais tarde vou dar umas voltas de carrinho com ele. A noite passada fez muito frio e no momento a temperatura é de -4C. Nem ouso por o nariz pra fora hehehe

Beijocas

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O tarado

Essa semana que passou tive o controle semestral para ver a situação dos meus dentes. Aproveitei o raríssimo dia de sol que fez nessa terra e decidi ir de bicicleta, afinal, a consulta estava marcada para as 14 horas, não estava frio e não tinha vento. Perfeito!

Se arrependimento matasse....

No total são quase 40 minutos de pedalada. Da até para fazer em 25-30 minutos desde que o fôlego aguente. E é justamente fôlego que perdi completamente depois do parto e muito me fez falta.

Vocês acreditam em anjo do guarda? Eu sim! Eu já tinha pedalado umas poucas quadras de casa quando vi um rapaz perto dos 40 anos pedalando com duas meninas abaixo dos 10 anos. Sem mentira, foi como uma voz bem clara nos meus pensamentos me dissesse: "preste atenção, tem algo errado com essa pessoa" . Depois  de uns 15 minutos pedalando, eu entrei numa parte da ciclovia que só tem mato de um lado e via rápida para carros do outro. É um lugar que no escuro eu jamais iria passar sozinha.

De repente um ciclista começa a falar bem alto do meu lado e  demorei entender o que ele queria. Era o mesmo rapaz que vi anteriormente. Ele pedia informações de como chegar no centro da cidade. Eu lhe respondi e não é que o mala resolveu alugar meus ouvidos e a minha paciência? Por azar onde ele alegava querer ir era super perto de onde eu também tinha que ir. O mala tinha o sotaque carregadíssimo e a jaqueta preta típica dos marroquinos, mas desconfiei que não fosse um pois os marroquinos que conheci não prolongariam tanto a conversa com uma mulher.

Passados uns minutos, o que ele falava foi ficando incompreensível. Repetiu milhares de vezes que as holandesas não lhe davam a mínima e o desprezavam por ser estrangeiro. Ele começou a fungar enquanto pedalava. Eu já fui ficando com o coração na mão.   Pra piorar, não tinha como escapar. O papo já foi ficando mais direto, ele já estava com 35 anos, as irmãs todas casadas e com filhos grandes (as meninas devem ser sobrinhas então) e ele não arranja ninguém pra fazer sexo, estava  cansado de usar internet para esse fim. E disse que na Grécia as mulheres são muito difíceis. Estava aqui na Holanda a 6 anos e na 'seca'.

Chegou um momento que ele não se aguentou mais e disse: oh vocês brasileiras é que são muito sexy e boas de sexo. Mas como é que ele sabia que eu era brasileira?! (Dai lembrei de uma senhora grega que mora aqui perto e que quando minha mãe esteve aqui, bateu altos papos na rua. Seriam parentes?)

Você tem filhos?
Sim.
É separada? Pois não me importa se tiver filhos.
Não. Sou muito bem casada.

Dai ele começou a passar as mãos na minhas costas. Eu gelei de medo e disparei a pedalar mais rápido. O nojento desandou a falar que eu era muito atraente, que ficou louco desde o momento que me viu pela primeira vez. Disse que não queria mais esperar outra mulher pra fazer sexo e que por ele, me comeria ali na rua mesmo. Fungava como um loco no cio!

O pavor tomou conta de mim. Pedi proteção divina e Pedalei o mais forte que pude. Quando finalmente cheguei num ponto da ciclovia onde haviam pessoas e lojas, tomei outro rumo e sumi. Nunca passei tanto medo como naquela tarde.

Cheguei no consultório em cima do horário marcado e com os bofe de fora. Dentista olhou meus dentes em 5 minutos de consulta disse que uma obturação bem antiga estava solta e que iria trocar, mas em outro dia... Que raiva, passei o maior sufoco e teria que voltar outro dia.

Voltei ao consultório na quinta-feira, mas desta vez de transporte coletivo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A porta

Uma das portas daqui de casa estragou. Acredito que a chuva detonou a fechadura que já não era la grande coisa. Eu tentei abrir e nada de conseguir fazer virar a chave. Chamo o Jaboticabão, olha daqui, olha dalí, fuça aqui, fuça ali e nada também. 

No dia seguinte, parece até castigo, os passarinhos fizeram a maior festa, acabaram com o meu jardim em busca de brotinhos nos vasos. Uma sujeira só. Dei uma googlelada e li que a solução seria usar pó de grafite e jamais óleo. Apertei Jaboticabão para uma solução e ele foi numa dessas lojas e comprou um 'destrancador de portas' bbem tabajara. Na primeira tentativa de virar a chave, pimba! quebrou! No rótulo esta bem claro que o uso é para portas enferrujadas e barulhentas e que o produto continha ÓLEO. Ele tentou em vão tirar as travas da porta, mas até as travas estavam emperradas. Dai eu falei pra ele:

- Amor, porque você não faz dois furos com a furadeira para tentar tirar a fechadura?
-Você está louca né? Eu já tentei abrir a porta e não tem solução não. Vou chamar o chaveiro. Eles são especialistas em abrir portas. Cada idéia que você tem.

Sexta-feira o chaveiro veio e finalmente a porta foi aberta em apenas 15 minutos.

-Amor, como foi que ele abriu a porta em tão pouco tempo?
-Hmm é.....ele fez dois furos com a furadeira. (nem me olhou de tão sem graça)
-E quanto custou o serviço pelos 2 furos?
- €75,-


Eu vou é trocar de profissão imediatamente. €75 por 15 minutos não tá mal né?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

tem que! tem que! tem que! ...

Eu li recentemente um post da Dri na Holanda sobre aprendizado da língua holandesa de como é desagradável estudar o idioma. Temos algo em comum. Detesto poucas coisas na vida,  mas se existe algo eu que me tira do sério é aquele grupo de pessoas amadas que vêm pra você e diz que você TEM QUE fazer alguma coisa que é chato e frustrante.  No momento, como é chato ouvir das pessoas:

"Mas você TEM QUE falar em holandês! " 


Pode reparar, eles vivem 'tirando o cisco dos "zóio" dos outros, mas estão com toras imensas nos próprios olhos. Não fazem cerimônia, são diretos e a falta de fino trato são com eles mesmos.

A necessidade de conhecer o idioma local onde se vive é sim uma obrigação de todos e nem tem o que se discutir. Diria até que é por uma questão de sobrevivência e ao menos entender o que as pessoas a tua volta estão falando. Eis um exemplo recente que se passou comigo:

Semana passada no meu dia de "folga" fui até a gemeente(prefeitura) para solicitar cópias de documentos que Jaboticabão precisa apresentar no trabalho dele. Levei a lista e Jaboticabão escreveu em inglês o que precisava. Não sei porque ele fez isso, mas serviu bem de isca. Quando a funcionaria leu e não entendeu o que eu queria, eu expliquei em holandês. Ela disse que entendeu o que eu queria, mas como nunca tinham pedido tal documento antes ela chamou a colega que estava passando do lado para orientá-la. O diálogo das duas, em holandês, foi mais ou menos assim:
- Fulana, esta senhora esta pedindo estes documentos (mostrou a lista por escrito) e eu nunca vi isto antes. Você poderia dar uma olhada?
- Depois de ler a lista e fazer uma cara bem feia, ela fala: "Não entendo este povo, faltando uma hora e meia para terminar o expediente aparecem com esse tipo de pergunta. Ainda bem que trouxe meu lanche."
-Em holandês mesmo disse para ela. Se a senhora não tem a resposta, por favor, me indique qual entidade do governo poderia me auxiliar.  (Na verdade eu queria ter dito era: E eu que esperei quase 2 horas para ser atendida e não trouxe meu lanchinho? Deixa de preguiça e vá trabalhar o infeliz!)

A mulher ficou toda sem graça e murchou tanto que até o tom de voz dela mudou (acho que leu meus pensamentos).  Em seguida providenciou o que precisava e não lhe custou mais que 5 minutos! Funcionário público é igual em todo lugar....

A turma do 'tem que' bem que poderia mudar de tática, se é mesmo que querem apenas ajudar os miseráveis aprendizes da língua estrangeira. Ao invés de dizer tem que... ofereça ajuda. No Natal eu ganhei 3 livros de 3 pessoas diferentes embora sejam da mesma família.

A primeira, minha cunhada, ela é uma pessoa inteligente, mas que usa a inteligência apenas para comprar roupas, viajar e assistir TV. Não para em empregos, vive satisfeita com o que ganha, mas morre de inveja das pessoas que tem um grau maior de estudo e um bom emprego. Ela também vive dando indiretas sobre estrangeiros aqui na Holanda e se mostrou indignada quando disse que só falaria em português com o jaboticabinha. Ela é do grupo de pessoas que bilinguismo da câncer. Na festinha de chá de bebê do Jaboticabinha, amigas estrangeiras e do trabalho organizaram a festa e convidaram minha sogra e cunhadas. Haviam várias holandesas, alemãs, americanas, nigerianas e de brasileiras eu e mais uma outra. O idioma oficial rolou em o inglês, mas no decorrer da festa aos poucos você ouvia vários idiomas. Em um determinado momento eu estava no maior papo com uma brasileira sobre pré-natal. Foi quando essa pessoa simplesmente chegou no nosso lado e em claro som disparou: "Parem de falar na língua que não entendo". Eu e a brasileira nos olhamos e também não falamos mais nada. Ficou um clima bem chato. No Natal, ela me deu o livro "Mim falar inglês"* (eu guardei o livro sei lá onde, de tão 'alegre' que fiquei que nem sei onde está. Assim que encontra-lo, corrigirei o título do livro.) O livro relata casos supostamente engraçados que o autor presenciou com estrangeiros falando em inglês. Dei uma folhada rápida e não vi a menor graça nos casos. Pode parecer exagero, mas até Jaboticabão ficou chateado com o presente, a mensagem dela foi claríssima:  "Você não fala em holandês e o seu inglês também é ruim pra caramba!"


A segunda pessoa, a sogra, me deu o livro: Mama is de liefste. Um livrinho infantil para ler junto com o Jaboticabinha. Dai ela disse para O Jaboticabão ler o livro para nós, para pegar a pronúncia correta. Gente, precisa de exemplo melhor?

A terceira pessoa, minha outra cunhada. São irmãs, mas são completamente diferentes. Foi uma das pessoas da família que mais me incentivou de maneira positiva a estudar holandês. Jamais me disse 'você' tem que falar em holandês. Pelo contrario, se ofereceu para dar aulas de holandês, da qual eu tive o privilégio e o prazer de estudar. As aulas pararam quando ela mudou de bairro e eu comecei a trabalhar full-time. No Natal ela me presenteou com o livro: Haar naam was Sarah (versão holandesa do romance francês: Elle s'appelait Sarah e que virou o filme: Sarah's Key.). Dai ela me disse assim: Jaboticaba, eu gostei muito deste livro. Se você tiver dúvidas com o vocabulário, por favor, me pergunte a hora que quiser.

Fica ai a minha dica. Ao invés de falar para alguém que ela TEM QUE falar um idioma, FAÇA algo de concreto para ajudá-la.

Beijocas :)